terça-feira, 29 de novembro de 2016

Os Sete Trovões e o Livrinho...

Os Sete Trovões e o Livrinho (Apocalipse 10:1-11)

Novamente, uma série de sete é interrompida por um intervalo. Entre o sexto e o sétimo selos, houve um intervalo para assegurar os fiéis da proteção divina (capítulo 7). Agora, entre a sexta e a sétima trombetas, Deus oferece outras mensagens de consolação aos seus servos numa série de cenas no intervalo nos capítulos 10 e 11.

10:1 – Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo;

Vi outro anjo forte descendo do céu: Três anjos fortes aparecem no Apocalipse. O primeiro procurou alguém para abrir o livro que estava na mão direita de Deus (5:2). O terceiro anunciará, com um gesto dramático, a queda da Babilônia (18:21). O segundo, aqui no capítulo 10, desce com a glória do céu trazendo um livrinho aberto e as vozes dos sete trovões.
Alguns comentaristas acreditam que este anjo forte seja o próprio Jesus, pois algumas características nos lembram a descrição de Jesus no capítulo 1. Embora não haja provas desta interpretação, claramente o anjo forte vem do céu com a glória celestial e traz a revelação de Deus.
Envolto em nuvem: Desde a primeira vez que nuvens aparecem na Bíblia (Gênesis 9:13-16), há uma forte ligação entre elas e as demonstrações da glória e poder de Deus. Nuvens são citadas mais de cem vezes no Velho Testamento, frequentemente em relação à aparições de Deus ou demonstrações do poder de Deus. Considere alguns exemplos: “O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho” (Êxodo 13:21). “Disse o SENHOR a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo.... Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu” (Êxodo 19:9,16). “E a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” (Êxodo 24:16). “Então, disse Salomão: O SENHOR declarou que habitaria em nuvem espessa!” (2 Crônicas 6:1). Nuvens representam a justiça de Deus e a sua vinda para julgar: “Nuvens e escuridão o rodeiam, justiça e juízo são a base do seu trono” (Salmo 97:2). “Sentença contra o Egito. Eis que o SENHOR, cavalgando uma nuvem ligeira, vem ao Egito...” (Isaías 19:1). “Eis o nome do SENHOR vem de longe, ardendo na sua ira, no meio de espessas nuvens; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como fogo devorador” (Isaías 30:27). Podemos ver a semelhança entre a descrição da vinda do anjo forte neste texto e a aparição da glória do Senhor em Ezequiel 1:4-5,26-28. Daniel descreveu uma das suas visões desta maneira: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” (Daniel 7:13). Naum fala sobre a soberania de Deus: “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés” (Naum 1:3).
A grande maioria dos mais de 20 versículos no Novo Testamento que usam esta palavra se refere, também, a Deus ou à manifestação de sua glória ou poder. No monte da transfiguração, “Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:5). Quando Jesus profetizou a destruição de Jerusalém pelos romanos, ele disse: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mateus 24:30). Quando Jesus avisou o Sinédrio sobre o iminente julgamento dos judeus rebeldes, ele usou linguagem semelhante: “Eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mateus 26:64). Os fiéis encontrarão Jesus nas nuvens (1 Tessalonicenses 4:17). O Apocalipse abre com a aparição divina nas nuvens: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” (1:7).
Os outros aspectos da aparição deste anjo forte reforçam a origem celestial da sua mensagem:
Com o arco-íris por cima de sua cabeça: Deus usou o arco-íris para selar a sua aliança com os homens depois do dilúvio (Gênesis 9:12-13,16). Na visão de João do trono de Deus, houve um arco-íris ao redor do trono (4:3).
O rosto era como o sol: A luz brilhante da glória de Deus. A luz da presença de Deus é mais forte do que o próprio sol (Isaías 60:19-20). Malaquias mistura os temas de castigo e consolação quando nasce o sol da justiça: “Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:1-2). O brilho do sol é refletido nos servos do Senhor. “Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:43; veja 2 Coríntios 3:18).
E as pernas, como colunas de fogo: A perna ou pé na descrição dos quatro seres viventes, ou querubins, na visão de Ezequiel, “luzia como o brilho de bronze polido” (Ezequiel 1:7; veja a descrição dos pés de Jesus – Apocalipse 1:15).

10:2 – e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra,

E tinha na mão um livrinho aberto: Vamos ver o significado deste livrinho nos versículos 9-11. Aqui, observamos algumas diferenças entre este livrinho e o livro do capítulo 5: 1. Este é um livrinho, mas Jesus recebeu um livro (maior) da mão de Deus. 2. O livrinho está na mão do anjo que desceu do céu, não na mão de Deus no trono. 3. O livrinho está aberto e, assim, não precisa de uma pessoa “digna” para abri-lo; o livro estava selado com sete selos e podia ser aberto somente pelo Leão/Cordeiro.
Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra: Imagine o tamanho e o poder deste anjo forte! Pode colocar os pés sobre a terra e o mar, assim mostrando domínio sobre o mundo inteiro. Daqui a pouco, bestas vão subir do mar e da terra (13:1,11). Antes de ver esses servos do diabo emergirem, Deus nos lembra que o anjo dele tem poder superior a toda a força de Satanás e de seus servos.

10:3 – e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes.

E bradou em grande voz, como ruge um leão: O anjo forte em 5:2 fez sua proclamação em grande voz. O segundo anjo forte, também, tem voz forte, como a de leão. O leão claramente representa a força da voz deste anjo. “O leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás” (Provérbios 30:30; veja Isaías 21:8; Jeremias 25:30; Oséias 11:10).
Desferiram os sete trovões as suas próprias vozes: Agora chegamos a mais uma série de sete – os sete trovões. Com toda a força da voz que vem do céu, eles proclamam mais uma parte da vontade de Deus. Por diversas vezes nas Escrituras, trovões acompanham os castigos enviados por Deus. A sétima praga no Egito incluiu trovões, chuva de pedras e fogo (Êxodo 9:23-34). Deus pelejou contra os filisteus com seus trovões (1 Samuel 7:10).

10:4 – Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as 
escrevas.

Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever: Obediente às instruções recebidas no início do livro (1:19), João prepara-se para relatar as mensagens dos sete trovões.
Mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram: A instrução geral de 1:19 é suplantada pela ordem mais específica dada aqui. A voz vem do céu, e João é obrigado a obedecê-la – Não escreva as coisas que os trovões falaram. Num livro com o propósito de revelar, por que guardar em segredo as mensagens que Deus enviou nos trovões? Devemos observar, pelo menos, dois motivos: 1. Em geral, Deus não revela tudo aos homens, e não teríamos a capacidade de compreender todos os pensamentos sublimes de Deus (Isaías 55:8-9). Moisés disse que Deus revela o que precisamos para saber como servi-lo (Deuteronômio 29:29). João disse que o registro da vida de Cristo inclui uma pequena parte de tudo que Jesus fez, mas que foram relatadas as coisas necessárias para criar fé nos leitores (João 21:24-25; 20:30-31). 2. Quando se trata da proteção dos fiéis, Deus faz muito mais do que ele mostra ao homem. De vez em quando, ele abre a cortina para revelar alguma batalha nas regiões celestiais, para nos confortar com o fato de ele estar constantemente lutando a favor dos servos. Antes da batalha de Jericó, o príncipe do exército do Senhor apareceu a Josué (Josué 5:13-15). Eliseu pediu que Deus mostrasse ao seu ajudante o exército do céu que os protegia dos siros (2 Reis 6:15-16). Daniel foi consolado por um mensageiro que explicou que estava ocupado com a guerra contra o príncipe da Pérsia (Daniel 10:12-21). Os cristãos primitivos enfrentaram perseguições, mas recebiam, às vezes, confirmações do poder ativo de Deus lutando a favor deles (Atos 4:23-31). Romanos 8 enfatiza o papel ativo do Pai, do Filho e do Espírito Santo a nosso favor. E não é isso o que o Apocalipse ensina? O homem na terra pode ver o que acontece aqui, mas Deus e seus servos fazem muito mais, nas regiões celestiais, para ajudá-lo (Efésios 6:12).

10:5-6 – Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu  e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora,

O anjo ... levantou a mão direita ... e jurou...: Se precisa guardar em segredo as palavras dos trovões, será que o cumprimento será adiado? O juramento do anjo responde imediatamente a esta possível dúvida. Ele levanta a mão direita (veja Daniel 12:7) e jura pelo eterno Deus. Não há dúvida! Mesmo sem revelar todos os pormenores, a palavra de Deus será cumprida.
Já não haverá demora: Novamente, encontramos uma referência ao tempo de cumprimento que promete que as coisas profetizadas aqui aconteceriam em breve (veja, também, 1:1-3; 22:6-7,10,12,20). As muitas interpretações que sugerem que quase tudo no Apocalipse ainda acontecerá, mais de 1.900 anos depois de João, simplesmente contradizem a palavra do Senhor.

10:7 – mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas.

Nos dias da voz do sétimo anjo: Reforçando ainda mais a iminência do cumprimento do mistério de Deus, este anjo que domina a terra e o mar olha para a sétima trombeta. As primeiras seis já passaram. Não será necessário esperar muito, porque a sétima já trará o cumprimento esperado pelos santos perseguidos.
O mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas: A palavra mistério, na Bíblia, refere-se a coisas ocultas, frequentemente à palavra de Deus outrora oculta e agora revelada. No Velho Testamento, o único livro que usa a palavra mistério é Daniel. A revelação do sonho de Nabucodonosor, no qual o servo de Deus profetizou sobre a missão do Cristo em estabelecer o reino do céu durante o período romano, usa a palavra “mistério” várias vezes (Daniel 2:18-19,27-30,47). A palavra aparece mais uma vez, em Daniel 4:9. A grande maioria das ocorrências desta palavra no Novo Testamento fala do evangelho de Jesus Cristo. Paulo disse: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos” (Romanos 16:25). Ele descreveu seu papel de apóstolo aos gentios: “...da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos” (Colossenses 1:25-28). Veja outros exemplos em Mateus 13:11; 1 Coríntios 2:7; 4:1; Efésios 1:9; 3:3,4,9; 6:19; Colossenses 2:2; 4:3; 1 Timóteo 3:9,16. No Apocalipse, “mistério” refere-se a aspectos das visões explicados a João (1:20; 17:5,7). Somente aqui tem o sentido mais amplo do “mistério de Deus”. O cumprimento do mistério de Deus, então, seria relacionado à divulgação do evangelho para salvar judeus e gentios, e ao estabelecimento do domínio de Cristo sobre as nações.
Deus já anunciou estes planos aos profetas. Quais profetas? Alguns comentaristas citam apenas profetas do Novo Testamento, como o próprio João. Mas, a Bíblia fala sobre os “servos, os profetas” 13 vezes no Velho Testamento antes de usar esta expressão duas vezes no Apocalipse (aqui e em 11:18). Não devemos descontar a importância de profecias do Velho Testamento na interpretação do mistério revelado no Apocalipse.
No Antigo Testamento, os “servos, os profetas” foram enviados para avisar o povo do perigo da desobediência (Esdras 9:10-12; Jeremias 7:25-28; 25:4-7) e dos castigos que Deus traria sobre os infiéis (2 Reis 17:23; Jeremias 26:4-6; 44:4-6).
De especial interesse são algumas profecias do Velho Testamento que olharam para o estabelecimento do reino de Jesus e a sua soberania sobre as nações. Ezequiel 36 e 37 profetizam da restauração de Israel, ou seja, do estabelecimento do reino de Cristo, Israel espiritual. Uma vez estabelecido, o reino seria ameaçado pelas nações, representadas pela multidão liderada por Gogue de Magogue. Mas Gogue não prevaleceria, pois o Senhor chamaria “contra Gogue a espada em todos os meus montes” e contenderia “com ele por meio da peste e do sangue; chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre....” (Ezequiel 38:21-22). O resultado destes castigos divinos: “Assim, eu me engrandecerei, vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o SENHOR” (38:23). Davi disse que o estabelecimento do reino do Messias seria acompanhado por desafios e rebeliões dos gentios, povos, reis e príncipes, mas que o Rei os despedaçaria com sua vara de ferro (Salmo 2). Joel profetizou da vinda do Espírito (Joel 2:28-32), profecia esta cumprida a partir do Dia de Pentecostes (Atos 2:16-21). Logo em seguida, ele disse que as nações ameaçariam o povo de Deus (Israel espiritual) e seriam julgados por Deus no vale de Josafá ou vale da Decisão (Joel 3). Desta maneira, Deus venceria os inimigos e estabeleceria, em segurança, a sua habitação em Jerusalém (Joel 3:18-21). As comparações entre Joel 3 e vários temas do Apocalipse são inegáveis. Ainda mais óbvias são algumas comparações entre Daniel e o Apocalipse. O reino de Deus seria estabelecido durante o período do império romano e teria domínio eterno sobre todas as nações (Daniel 2:44). Daniel até profetiza sobre vários reis ou imperadores romanos, e especialmente sobre a derrota de um destes reis (7:7-11). Veremos mais sobre as ligações entre Daniel 7 e o Apocalipse em outras lições, especialmente quando chegamos ao capítulo 17.
O que podemos esperar, então, na sétima trombeta? Que será cumprida a missão de Jesus de se estabelecer como o soberano Rei, dominando as nações com a vara de ferro e despedaçando os inimigos rebeldes. Mas, antes de ouvir a sétima trombeta, ainda precisamos ver o resto das coisas que João viu no intervalo.

10:8 – A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra.

A voz que ouvi ... estava de novo falando comigo: A mesma voz do versículo 4. A primeira vez, esta voz proibiu que João escrevesse sobre os sete trovões. Esta vez, ela lhe dará outra instrução.
Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo: Já observamos vários pontos de contraste entre este livrinho e o livro do capítulo 5 (veja comentários sobre 10:2). Agora a voz manda João a tomar o livro da mão do anjo.
Anjo em pé sobre o mar e sobre a terra: Novamente, o narrativo destaca a posição deste anjo (cf. 10:2). Muito diferente do anjo caído do céu que abriu o poço do abismo, este anjo tem seus pés firmemente plantados sobre a terra e o mar. A estrela caída do céu dominou os gafanhotos durante cinco meses. O anjo forte no capítulo 10 pode garantir o cumprimento do plano de Deus. Que consolo saber que João recebe as suas ordens da mão deste anjo forte.

10:9 – Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel.

Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho: João foi obediente à voz do céu e foi pedir o livrinho.
Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o: Esta cena é semelhante à de Ezequiel 2:8 - 3:6. No início do sexto século a.C., Ezequiel foi enviado como profeta à casa de Israel. O rolo do livro que ele comeu representou a sua incumbência como profeta. O sabor era doce, mas a tarefa difícil. O anjo avisou João que este livrinho seria doce na boca, mas amargo no estômago. João recebeu uma tarefa desagradável.

10:10 – Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo.

Tomei o livrinho ... e o devorei: João foi obediente. Ele não fez desculpas e não fugiu da sua missão. Comeu o livrinho.
Na minha boca, era doce como mel; quando, porém. O comi, o meu estômago ficou amargo: O livrinho foi exatamente como o anjo dissera. Veremos a amargura da missão de João no próximo versículo. O trabalho no reino do Senhor envolve esses dois aspectos. Traz uma grande alegria quando presenciamos as transformações de vidas que o evangelho causa. Por outro lado, o servo fiel tem a obrigação de avisar sobre as consequências da rejeição da palavra e sobre a punição preparada para os desobedientes. João não fugiu da sua responsabilidade, mas muitos pregadores hoje negligenciam o lado severo do evangelho e divulgam uma mensagem incompleta e desequilibrada. É muito mais agradável falar da bondade do que da severidade (Romanos 11:22). É bom falar sobre o perdão e a salvação (Hebreus 9:28), mas não devemos excluir a mensagem de vingança e castigo (Hebreus 10:26-31). Deus é santo, e assim não pode manter comunhão com o pecado. Ele é, também, amor, e quer salvar todos dos seus pecados. A tendência do homem é de exagerar um lado do caráter de Deus e diminuir a importância do outro, esquecendo que o mesmo Deus que oferece alívio tomará vingança e banirá de sua face os que não o conhecem ou que não o obedecem (2 Tessalonicenses 1:6-10).

10:11 – Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis.

É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis: Este versículo reforça o significado do livrinho. João é obrigado a profetizar sobre nações e reis. Já falou sobre pragas e castigos atingindo um número cada vez maior de pessoas, até causando a morte de grandes multidões. Mas tem mais pela frente. A difícil missão de João incluirá profecias sobre muitos povos.

Conclusão
O intervalo entre a sexta e a sétima trombetas enfatiza vários fatos importantes. Entre eles: 1. Deus e seus servos sempre são mais fortes do que o diabo e seus seguidores. O anjo forte do Senhor tem poder sobre a terra e o mar, enquanto o Destruidor recebeu autoridade por alguns meses sobre os gafanhotos. 2. Deus faz muito mais do que ele revela aos seus servos. Os sete trovões servem como exemplo. 3. A sétima trombeta anunciaria o cumprimento do mistério de Deus. 4. A missão do servo de Deus tem seu lado doce, mas inclui, também, a amargura de pregar a pessoas condenadas por sua rebeldia. No próximo capítulo, veremos mais duas cenas do intervalo antes de ouvir a sétima trombeta. 

 http://www.estudosdabiblia.net/b09_18.htm Acesso em 29/11/2016

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