Zacarias 4:5-14
5 Respondeu-me o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isso é? E eu disse: Não, meu senhor.
6
Ele me respondeu, dizendo: Esta é
a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por poder,
mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos.
7
Quem és tu, ó monte grande?
Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; e ele trará a pedra
angular com aclamações: Graça, graça a ela.
8
Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
9
As mãos de Zorobabel têm lançado
os alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão; e saberás que o
Senhor dos exércitos me enviou a vos.
10
Ora, quem despreza o dia das
coisas pequenas? pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de
Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a
terra.
11
Falei mais, e lhe perguntei: Que
são estas duas oliveiras? Uma a direita e outra a esquerda do castiçal?
12
Segunda vez falei-lhe,
perguntando: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos
dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado?
13
Ele me respondeu, dizendo: Não sabes o que é isso? E eu disse: Não, meu senhor.
14
Então ele disse: Estes são os
dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra. https://www.bibliaonline.com.br/aa/zc/4.
Santuário e as Duas Testemunhas (Apocalipse 11:1-13)
O intervalo entre as sexta e sétima trombetas
continua no capítulo 11 com mais duas cenas que mostram a proteção divina
para os fiéis. O povo é protegido, mas não totalmente. Ainda sofrerão as
agressões dos inimigos e podem até morrer, mas a vitória final pertence aos
santos de Deus.
A Ordem para Medir o Santuário (11:1-2)
11:1 – Foi-me dado um caniço
semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de
Deus, o seu altar e os que naquele adoram;
Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara: João
continua a sua participação ativa, recebendo um caniço para medir.
Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar
e os que naquele adoram: O relato de João aqui não oferece detalhes, mas
nos lembra da medição do templo em Ezequiel 40-42. Observamos, na lição 18, a
importância das mensagens dos profetas em relação ao cumprimento do mistério
de Deus, notando que o contexto de Ezequiel 37-39 mostra o domínio do Messias
sobre as nações. Em Ezequiel 40-42, o profeta assiste enquanto um homem mede
o templo. A visão de Ezequiel mostra o povo de Deus restaurado à glória e à
proteção de Deus, o qual volta ao templo no capítulo 43.
Zacarias 2:1-5 apresenta outra visão de medição,
esta vez de Jerusalém. Como nos intervalos do Apocalipse, o propósito
da visão de Zacarias é assegurar os fiéis da proteção divina: “Pois eu
lhe serei, diz o SENHOR, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio
dela, a sua glória” (Zacarias 2:5).
Ao ouvir a ordem para medir o santuário, João e
seus leitores, sem dúvida, lembrariam dessas passagens proféticas e do
consolo que oferecem aos servos do Senhor.
O santuário de Deus, no Novo Testamento, é o povo
do Senhor. Num texto que fala sobre a edificação da igreja, Paulo diz que os
discípulos de Cristo são o santuário de Deus (1 Coríntios 3:16-17; cf. 2
Coríntios 6:16). A família de Deus, edificada sobre a pedra angular, é o “santuário
dedicado ao Senhor” (Efésios 2:19-22). O templo não é um edifício
feito com mãos, e sim uma casa espiritual (1 Timóteo 3:15). Esta casa
espiritual é feita de pedras que vivem (1 Pedro 2:5-6).
João tira qualquer dúvida sobre o significado do
santuário quando diz que a medição incluiria “os que naquele adoram”.
Não se trata de medir uma estrutura física. Este templo é composto por
adoradores, pessoas, os verdadeiros sacerdotes de Deus que adoram dentro do
templo.
11:2 – mas deixa de parte o átrio
exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes,
por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa.
Deixa de parte o átrio exterior..., porque foi
ele dado aos gentios: A ordem para medir não somente oferece consolo,
fala também de santificação. Os adoradores dentro do santuário são separados
dos gentios no átrio. A palavra traduzida “gentios” aparece 22 vezes no Apocalipse,
normalmente traduzida “nações” ou “povos”. Várias vezes, refere-se aos
gentios na carne ou às nações em geral, como pessoas que ouvem o evangelho e
recebem a oportunidade de serem salvas (5:9; 7:9; 14:6; 21:24-26; 22:2). Da
mesma forma que palavras como judeu, circuncisão e Israel,
no Novo Testamento, passam a identificar os servos de Cristo (Romanos
2:28-29), a palavra gentios, às vezes, representa os que não conhecem
a Deus (1 Tessalonicenses 4:5; 3 João 7). Assim, vivemos “no meio dos
gentios” (1 Pedro 2:12), mas não andamos como eles andam (Efésios
4:17; 1 Pedro 4:3). Neste sentido, a palavra gentios ou nações, em algumas das
citações no Apocalipse, refere-se aos ímpios. São as nações seduzidas
por Satanás para pelejarem contra o povo de Deus (20:7-9). São as mesmas que
impedem o sepultamento das duas testemunhas (11:9-10) e que se enfurecem
contra os servos de Deus (11:18). As nações apóiam a meretriz, Babilônia
(17:15), são seduzidas pela feitiçaria dela (18:23) e se prostituem com ela
(18:3). Jesus, porém, domina as nações com o cetro de ferro (12:5; 19:15). Os
vencedores participam do reinado dele sobre os povos (2:26-27; 20:4,6).
Quarenta e dois meses: Este
período sempre representa um tempo relativamente breve de tribulação ou
sofrimento. É o mesmo período de “tempo, tempos e a metade de um tempo”
(12:14; Daniel 7:25), de 1.260 dias (11:3; 12:6) ou de “três
anos e seis meses” (Tiago 5:17). É a metade de sete anos, que
representaria um período completo.
Calcarão aos pés a cidade santa: Há
diversas interpretações da cidade santa.
Pré-milenaristas geralmente explicam que a cidade
santa é Jerusalém (terrestre) e que o templo será reconstruído naquela cidade
para o cumprimento desta profecia. Enfrentam inúmeras dificuldades com esta
interpretação, que descarta totalmente os limites de tempo encontrados do
começo ao fim do Apocalipse.
Outros acreditam que o Apocalipse foi
escrito antes de 70 d.C. e que fala da destruição do templo e da cidade de
Jerusalém pelos romanos. Citam Lucas 21:24, onde Jesus usou linguagem
semelhante para falar sobre a destruição de Jerusalém. Uma vez que entendem a
cidade literal, procuram uma explicação literal do tempo de 42 meses. Aqui a
situação se complica. Frequentemente citam a duração da guerra entre os
romanos e os judeus, dizendo que Nero enviou Vespasiano no início de 67
(fevereiro? – há dúvida sobre esta data) para vencer os judeus rebeldes e que
o período de 42 meses termina com a destruição da cidade de Jerusalém em
setembro de 70. Mas o exército romano não entrou em Jerusalém em 67.
Vespasiano começou na direção de Jerusalém em 68, mas desistiu devido à morte
de Nero. Tito cercou Jerusalém nos primeiros meses de 70, invadiu os muros
por volta de abril ou maio, e destruiu a cidade em setembro. Assim, para
dizer literalmente que calcaram aos pés a cidade literal de Jerusalém por 42
meses exige algumas explicações mais complicadas. Para defender esta posição
é necessário, também, manter uma data para o Apocalipse antes de 70 d.C.,
contra outras evidências que ainda encontraremos.
O que é a cidade santa? Consideremos as
evidências bíblicas. As expressões “cidade santa” ou “santa cidade”, em si,
aparecem onze vezes na Bíblia. Neemias 11:1 e 18 identificam a cidade física
de Jerusalém. Daniel chamou Jerusalém de “santa cidade” (9:24). Isaías
repreende o povo de Israel que profanaram o nome da “santa cidade” (48:2).
Mais tarde ele fala de “Jerusalém, cidade santa” (52:1). Lendo
o capítulo todo, percebemos a ênfase na restauração espiritual do reino de
Cristo sobre seu povo, da salvação que vem pela pregação do evangelho. Mateus
usa esta expressão duas vezes (4:5; 27:53) para identificar a cidade literal
de Jerusalém. As outras ocorrências se encontram no Apocalipse – aqui em
11:3, e algumas outras vezes no final do livro. Em 21:2, 10 e 22:19, ele
claramente descreve o povo espiritual de Deus, a nova Jerusalém que desce do
céu. Outras expressões semelhantes ajudam a entender este sentido espiritual.
Apocalipse 3:12 fala da presença eterna do vencedor no “santuário do
meu Deus” e na “cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce
do céu”. Paulo disse que a nossa mãe é a Jerusalém livre lá de cima e
não a “Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos” (Gálatas
4:25-26). O autor de Hebreus disse: “Mas tendes chegado ao monte Sião e
à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial... e igreja dos primogênitos
arrolados nos céus” (Hebreus 12:22-23).
Entendendo este sentido de Jerusalém espiritual
ou celestial, como podemos entender estes primeiros versículos do capítulo
11? João mede o santuário de Deus, mostrando a intenção do Senhor de proteger
o seu povo, mas ainda diz que a cidade santa será pisada pelos gentios
durante três anos e meio. O povo fiel seria protegido, mesmo deixando a
igreja ser perseguida por um período. Podem afligir a igreja, e até matar os
corpos dos fiéis, mas não atingiriam os espíritos dos verdadeiros adoradores.
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mateus
10:28). A igreja pode ser calcada aos pés pelos perseguidores, mas eles nunca
chegarão a destruir o santuário em si onde os sacerdotes adoram a Deus.
O Trabalho, a Morte e a Ressurreição das Duas Testemunhas
(11:3-13)
11:3 – Darei às minhas duas
testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano
de saco.
Darei às minhas duas testemunhas que profetizem
por mil duzentos e sessenta dias: A ordem vem de cima. As testemunhas profetizam
pela autoridade de Deus.
Quem são as duas testemunhas? Comentaristas têm
oferecido diversas respostas a esta pergunta. Alguns procuram personagens
específicas, até sugerindo a volta à terra de pessoas do Velho Testamento
(por exemplo, Moisés e Elias ou Enoque e Elias). Outros sugerem o Antigo e o
Novo Testamentos. Alguns dizem que são a Lei (de Moisés) e os Profetas (veja
Lucas 16:29,31; 24:27; Atos 13:15; 24:14; Romanos 3:21 e outras passagens que
falam sobre a Lei e os Profetas, mas considere também comentários de Jesus
mostrando que estas revelações do Antigo Testamento já seriam ultrapassadas
pelo evangelho – Mateus 11:13; Lucas 16:16). Outras possibilidades incluem
profetas e apóstolos (Lucas 11:49) ou o Espírito Santo e os apóstolos (João 15:26-27;
Atos 5:32).
Por não ter uma identificação específica neste
trecho, talvez a resposta melhor se encontra no próprio contexto. Os
primeiros versículos do capítulo falaram sobre a igreja, o povo de Deus.
Cristãos fiéis são descritos como testemunhas ou pessoas que dão testemunho
em outros versículos do livro (2:13; 6:9; 12:11,17; 17:6; 19:10; 20:4).
Veremos um pouco mais sobre as testemunhas no versículo 4.
O tempo do trabalho deles, 1.260 dias, é igual a
42 meses (11:2) ou três anos e meio (usando o calendário de 12 meses de 30
dias). Este período, a metade de sete anos, normalmente descreve um período
de tribulação e sofrimento. Seria um trabalho difícil, cheio de angústia
(veja o significado de pano de saco abaixo), mas seria temporário.
Vestidas de pano de saco: Pano de
saco é a roupa de lamentação e angústia, sentimentos opostos à alegria (Salmo
30:11; 35:13; 69:11; Ezequiel 27:31; Joel 1:8). Jacó se vestiu de pano de
saco quando lamentou a suposta morte de José (Gênesis 37:34). Quando Acabe
ouviu a condenação de sua casa, ele se lamentou em pano de saco, um gesto de
angústia e humildade (1 Reis 21:27-29). Pano de saco acompanha o
arrependimento em várias outras citações bíblicas (Neemias 9:1-2; Jonas
3:6-8; Mateus 11:21; Lucas 10:13). Ezequias se vestiu de pano de saco quando
buscou a libertação de Jerusalém diante da ameaça assíria (2 Reis 19:1-3). O
pano de saco das duas testemunhas sugere a mensagem difícil e a lamentação
delas em pronunciar a mensagem do Senhor, uma mensagem que certamente condenava
os perversos.
11:4 – São estas as duas oliveiras e
os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra.
São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros
que se acham em pé diante do Senhor da terra: Esta
linguagem nos lembra da visão de Zacarias 4 (leia o capítulo). As duas
oliveiras que alimentavam de azeite o candelabro são identificados como
“os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra” (4:14).
No Velho Testamento, sacerdotes e reis foram ungidos (Levítico 8:12,30; 1
Samuel 10:1; 16:1,13). No Novo Testamento, os cristãos são o “reino,
sacerdotes para o seu Deus e Pai” (1:6), o “sacerdócio real”
(1 Pedro 2:9). Apoiando a interpretação das duas testemunhas como a igreja é
a expressão acrescentada aqui, “os dois candeeiros”. No Apocalipse,
os candeeiros representam as igrejas (1:20). Os candeeiros no templo sempre
ficavam acesos diante de Deus, como os cristãos brilham diante do Senhor como
a luz do mundo (Mateus 5:14-16; Efésios 5:8;1 Tessalonicenses 5:5).
11:5 – Se alguém pretende causar-lhes
dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender
causar-lhes dano, certamente, deve morrer.
Se alguém pretende causar-lhes dano: Agora
entram os perseguidores, aqueles que queriam causar danos aos servos de Deus.
Sai fogo da sua boca e devora os inimigos: É uma
visão num livro que emprega uma grande variedade de símbolos. O fogo da boca
das testemunhas não é literal, mas representa o poder dos servos de Deus de
persistir no seu trabalho, apesar da oposição dos inimigos. A figura nos
lembra de vários profetas do Velho Testamento. Moisés e Arão enfrentaram seus
adversários no Egito com uma série de pragas devastadoras (Êxodo 7-12).
Quando Acazias, rei de Israel, tentou prender Elias, fogo desceu do céu e
consumiu os soldados do rei (2 Reis 1:1-14). Os servos de Nabucodonosor que
tentaram matar os amigos de Daniel foram consumidos pelo fogo da fornalha
(Daniel 3:19-22). Deus está com as testemunhas e lhes dará a vitória. Os
adversários devem morrer. Sabemos que a perseguição começou pouco tempo
depois do início da igreja. Alguns discípulos foram presos, e alguns morreram
(Estêvão – Atos 7; Tiago – Atos 12; etc.). Mas o trabalho da divulgação do
evangelho continuou praticamente sem empecilho, e a palavra circulou pelo
mundo inteiro nas primeiras três décadas (veja Colossenses 1:23).
11:6 – Elas têm autoridade para fechar
o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade
também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a
terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.
Elas têm autoridade para fechar o céu: Como
fez Elias durante o reinado de Acabe (1 Reis 17:1; Tiago 5:17-18).
Têm autoridade também sobre as águas, para
convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de
flagelos: Como fizeram Moisés e Arão no Egito (Êxodo 7-12).
Deus equipa seus servos com poder para vencer os
inimigos. Deus agiu durante o ministério dos apóstolos através de milagres
que demonstraram o poder divino e confundiram os inimigos (Atos 5:17-21;
12:6-24; 16:23-26; 19:13-17). Paulo cegou Elimas, um “inimigo de toda a
justiça” (Atos 13:9-11) e expulsou o espírito adivinhador da jovem em
Filipos (Atos 16:16-18). O período apostólico foi caracterizado pelo
crescimento do evangelho: “Com grande poder, os apóstolos davam
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (Atos 4:33). “Crescia
a palavra de Deus” (Atos 6:7). “Assim, a palavra do Senhor
crescia e prevaleceu poderosamente” (Atos 19:20). O maior poder dado
aos discípulos vem da própria palavra pregada. O evangelho “é o poder
de Deus para a salvação” (Romanos 1:16). As armas espirituais são “poderosas
em Deus, para destruir fortalezas...e toda altivez que se levante contra o
conhecimento de Deus” (2 Coríntios 10:3-6). A palavra de Deus é “a
espada do Espírito”, usada “contra as forças espirituais do
mal” (Efésios 6:10-17). Esta espada é “mais cortante do que
qualquer espada de dois gumes” (Hebreus 4:12).
11:7 – Quando tiverem, então,
concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará
contra elas, e as vencerá, e matará,
Quando tiverem, então, concluído o testemunho que
devem dar: Este trecho obviamente não fala do término final da missão da
igreja, pois já usou a figura de um período curto (1.260 dias). Chegando ao
ponto determinado por Deus, e tendo cumprido a sua responsabilidade de
testemunhar, Deus permitiria que a cena continuasse. Embora tenhamos sempre
trabalho para fazer, é possível encerrar uma determinada missão (Lucas
10:10-12; Atos 13:46-47). Deus determinou uma missão de tempo limitado para
os seus servos, e deixou o inimigo mostrar seu poder limitado somente quando
a missão fosse encerrada.
A besta que surge do abismo pelejará contra elas,
e as vencerá e matará: Esta besta se tornará importante nos próximos
capítulos. Ela sobe do mar (13:1) ou do abismo (11:7; 17:8) e peleja contra
os santos e os vence (13:7). Mas a sua vitória não é final nem completa, pois
será vencida pelo Cordeiro e seus servos (17:12-14). Aqui, porém, a besta
aparece e, por enquanto, vence as testemunhas do Senhor.
11:8 – e o seu cadáver ficará estirado
na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde
também o seu Senhor foi crucificado.
E o seu cadáver ficará estirado na praça: O
cadáver (cadáveres – 11:9) das testemunhas não é tratado com nenhum respeito
pela besta e seus servos. Os corpos ficam na rua como troféus da vitória
sobre os fiéis (veja o desrespeito mostrado pelos filisteus quando mataram
Saul – 1 Samuel 31:8-10).
Da grande cidade que, espiritualmente, se chama
Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado: Este
versículo é um dos mais polêmicos do livro. Qual cidade? É uma cidade
específica, ou linguagem que representa algo maior? Claramente a descrição
usa linguagem simbólica, pois qualquer interpretação literal cairia em
diversas contradições. Sodoma foi destruída há milhares de anos. Egito é um
país, não apenas uma cidade. Jesus foi crucificado em Jerusalém, nem em
Sodoma e nem no Egito. O que estes símbolos representam?
Sodoma e Egito aparecem somente neste versículo
no livro do Apocalipse, mas são citados frequentemente em outros
livros da Bíblia. Vamos ver o significado destes lugares.
Sodoma: Depois de sua destruição (Gênesis 19), Sodoma
serve como exemplo de destruição e castigo divino, ou de pecado aberto e
perversidade exagerada. “...como Sodoma, publicam o seu pecado e não o
encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos” (Isaías 3:9).
“Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, que
foi subvertida como num momento, sem o emprego de mãos nenhumas” (Lamentações
4:6). “...como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que,
havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne,
são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7).
Veja também: Deuteronômio 32:32-33; Isaías 1:9-10. Sodoma seguramente
representa pecadores que merecem castigo.
Egito: Muitas citações bíblicas referem-se à nação ou
à terra do Egito. Quando usado simbolicamente, o Egito sugere pecado,
idolatria, imundícia, escravidão e rejeição de Deus. Quando o povo de Israel
chegou à terra prometida e fez a circuncisão dos homens, Deus disse: “Hoje,
removi o opróbrio do Egito” (Josué 5:9). A terra do Egito foi
conhecida como a casa da servidão (Josué 24:17; Judas 5), uma figura
empregada no Novo Testamento para descrever a escravidão ao pecado (Atos 7:39-40;
Hebreus 3:16 e, implicitamente, em 1 Coríntios 10:1). O Egito oprimiu o povo
de Deus, e serve como uma figura apropriada dos perversos que oprimiam e
perseguiam os cristãos na época de João.
Sodoma e Egito, então, representam as idéias de
pecado, perversidade, rejeição de Deus e opressão dos fiéis. Resumindo,
representam a sociedade ímpia que se colocou em oposição ao povo do Senhor,
perseguindo os servos de Jesus. E a terceira descrição? O que quer dizer “onde
também o Senhor foi crucificado”? Algumas pessoas, mesmo aceitando o
significado simbólico de Sodoma e Egito, sugerem uma interpretação literal
desta frase e concluem que Jerusalém fosse um dos principais objetos da ira
de Deus no Apocalipse. É claro que Jesus foi crucificado em (ou perto
de) Jerusalém. Mas, num sentido maior, ele foi crucificado pelo mundo – pelo
povo ímpio – que não o aceitou. O relato do evangelho do mesmo autor destaca
esta rejeição pelo mundo, não somente por Jerusalém: “O Verbo estava no
mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu” (João
1:10). É interessante observar que mais de um terço das ocorrências da
palavra “mundo” na Bíblia toda se encontram nos livros de João. A
vitória aparente do mal sobre Jesus trouxe tristeza aos discípulos e alegria
ao mundo (João 16:19-20). O lugar onde o Senhor foi crucificado foi no mundo,
no meio de uma sociedade rebelde que o rejeitou porque preferia permanecer
nas trevas. A mesma sociedade que odiava o Mestre, também odiaria os
discípulos: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós
outros, me odiou a mim” (João 15:18). Regozijaram-se na vitória
aparente sobre Jesus, e fariam uma grande festa quando vencerem,
aparentemente, as testemunhas dele. Mas nenhuma das duas vitórias foi real.
11:9 – Então, muitos dentre os povos,
tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por
três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados.
Muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações
contemplam os cadáveres das duas testemunhas: Pessoas
de todas as nações, ou seja, pessoas do mundo em geral, contemplam os corpos
mortos das testemunhas do Senhor. A descrição usada aqui é quase a mesma
encontrada algumas outras vezes no livro para identificar a sociedade em
geral, ou as pessoas de diversas nações. A grande multidão que adora a Deus
diante do trono vem de “todas as nações, tribos, povos e línguas”
(7:9). João foi encarregado de profetizar “a respeito de muitos povos,
nações, línguas e reis” (10:11). A meretriz Babilônia se assenta
sobre “povos, multidões, nações e línguas” (17:15). Esta
linguagem denomina as pessoas do mundo ou da sociedade em geral. Algumas
dessas pessoas aceitam as bênçãos que vêm pelo descendente de Abraão e,
assim, fazem parte da multidão de adoradores diante do trono. Outras seguem a
meretriz e se regozijam com as vitórias passageiras sobre os servos do
Senhor. Muitos (mas não todos – 7:9) dentre os povos olham para os corpos dos
servos mortos.
Por três dias e meio: Não há
dúvida. Estão mortas. Os corpos já estariam com o mal cheiro da decomposição.
Mas há mais aqui. Três dias e meio, a metade de sete dias, novamente
representa um período curto, um tempo de angústia para os fiéis que sofrem
das perseguições. Mas, a “vitória” da besta não dura por muito tempo. Somente
as pessoas com miopia espiritual serão enganadas por esta falsa vitória.
E não permitem que esses cadáveres sejam
sepultados: Os ímpios querem o proveito máximo desta
“vitória” sobre os servos de Deus. Deixam os corpos expostos para mostrar o
seu poder sobre os justos. O que eles não entendem, ainda, é que a morte não
é o fim para os servos de Deus. Os vencedores não sofrem “dano da
segunda morte” (2:11). Também não entendem como o orgulho da festa
desta falsa vitória ajudará a salientar a vitória verdadeira dos servos do
Senhor. O que acontecerá nos versículos 11 e 12 será visível a todos!
11:10 – Os que habitam sobre a terra
se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos
outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a
terra.
Os que habitam sobre a terra se alegram por causa
deles: Quando a besta mata os servos do Senhor, os ímpios fazem a festa. A
prática de enviar presentes é uma maneira de expressar alegria em ocasiões
especiais (veja Neemias 8:9-10). Aqui, os perversos fazem uma festa de
vitória. Há uma verdadeira guerra, uma luta entre o bem e o mal, e os
malfeitores se regozijam com qualquer vitória, mesmo de pouca duração, sobre
o bem. Frequentemente, os ímpios acham que suas “vitórias” sirvam para
libertar pessoas oprimidas por regras desnecessárias de religiões
ultrapassadas. Oferecem a liberdade para satisfazer qualquer desejo sexual,
ou a liberdade para tirar a vida de crianças antes de elas nascerem, ou a
liberdade para exigir o respeito de outros mesmo quando praticam coisas que
desprezam os princípios de decência daqueles que seguem a Deus. Prometem
liberdade, mas são escravos da corrupção (2 Pedro 2:19).
Porquanto esses dois profetas atormentaram os que
moram sobre a terra: Aqui revela o motivo do assassinato. Os dois
profetas atormentaram os ímpios. Como? Eles pregaram a verdade! A palavra de
Deus atormenta os malfeitores, tirando o sossego daqueles que recusam se
submeterem ao Senhor. Este é o lado amargo da pregação do evangelho. Por
isso, os pregadores fiéis são odiados pelo mundo (Mateus 10:22). Paulo sofreu
perseguições e avisou que os piedosos seriam perseguidos por homens perversos
(2 Timóteo 3:10-13).
11:11 – Mas, depois dos três dias e
meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se
ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo;
Depois dos três dias e meio, um espírito de vida,
vindo da parte de Deus: Foram três anos e meio de profecia e três dias
e meio de falsa vitória dos ímpios antes da vitória real das testemunhas de
Deus. O Senhor manda um espírito de vida, pois ele é a verdadeira e única
fonte de vida. Um tema constante nas Escrituras é o contraste entre a vida e
a morte (Deuteronômio 30:15; Mateus 7:13-14; etc.). A vida é sempre ligada a
Deus, e a morte sempre ligada ao pecado. A palavra vida aparece mais nos
livros de João do que nos escritos de qualquer outro autor no Novo
Testamento. João emprega esta palavra com um rico significado espiritual, a
partir do prólogo de seu evangelho: “A vida estava nele e a vida era a
luz dos homens” (João 1:4). A vida própria é uma qualidade divina: “Porque
assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em
si mesmo” (João 5:26). Jesus oferece a vida aos homens, dizendo: “Eu
sou o pão da vida” (João 6:48) e oferecendo a água viva (João
4:10-11). Acrescenta: “Eu lhes dou a vida eterna” (João 10:28)
e “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá” (João 11:25). Resumindo o seu papel essencial para a salvação
dos homens, ele diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). “E a vida eterna é esta:
que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste” (João 17:3). Na sua primeira carta, João descreve Jesus
como o “Verbo da vida” (1:1) e o identifica como “a vida
eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada” (1:2). Sem o
Pai e o Filho, a vida se torna impossível: “E o testemunho é este: que
Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o
Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (5:11-12).
Paulo desenvolveu o mesmo tema em diversos comentários
nas suas cartas: “...a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em
Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também
sereis manifestados com ele, em glória” (Colossenses 3:3-4). Ele
disse que Jesus “...não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e
a imortalidade, mediante o evangelho” (2 Timóteo 1:10).
A vida vem de Deus.
Neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés: O
espírito de vida enviado por Deus ressuscitou as testemunhas. A vitória da
besta e dos perversos acabou! Que conforto aos discípulos do Senhor na Ásia
ou em outros lugares onde a perseguição ameaçava matá-los! Poderiam até
morrer, mas a morte não teria a vitória final sobre os fiéis. Eles são os
vencedores (2:11). Este versículo serve para encorajar os servos de Deus em
qualquer época, enfrentando qualquer ameaça do inimigo. Podem sofrer; podem
até morrer. Mas, no final, ficarão de pé, vitoriosos!
E àqueles que os viram, sobreveio grande medo: A festa
acabou! A vitória dos ímpios não durou, era falsa. Agora os perversos
percebem que seu adversário é realmente invencível. Nem a morte segura os
servos de Jesus! “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó
morte, o teu aguilhão?.... Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio
de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 15:55-57). Os
perseguidores têm todo motivo para sentir medo. Perderão!
11:12 – e as duas testemunhas ouviram
grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa
nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.
As duas testemunhas ouviram grande voz vinda do
céu, dizendo-lhes: Subi para aqui: Mais uma grande voz. As testemunhas ouviram
esta voz, mas não sabemos se os adversários a ouviram. A voz chamou os servos
vitoriosos a subirem para o céu. Missão cumprida!
E subiram ao céu numa nuvem: Sobre o
significado de nuvens, veja os comentários na lição 18 sobre 10:1. As
testemunhas, depois de sua ressurreição, subiram como Jesus subiu (Atos 1:9).
Na segunda vinda de Jesus, os fiéis subirão “entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares” (1 Tessalonicenses 4:17).
E os seus inimigos as contemplaram: Que
cena triste para os inimigos de Deus. As testemunhas, não contidas pela
morte, agora somem de vez. A besta que surgiu do abismo e parecia tão forte
se mostra incapaz de vencer os servos de Deus. O resto do livro mostrará, com
mais detalhes, esta certeza da vitória dos fiéis sobre seus adversários
ímpios. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão
aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 João 5:4-5).
11:13 – Naquela hora, houve grande
terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete
mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram
glória ao Deus do céu.
Houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da
cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas: Já
encontramos terremotos como símbolos do castigo divino. Este terremoto afeta
a décima parte da cidade e causa a morte de 7.000 pessoas. Como as primeiras
trombetas, este castigo também não é final e total, mas a retirada das
testemunhas de Deus traz consequências graves para a cidade mundana, a
sociedade dos ímpios.
As outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram
glória ao Deus do céu: Ficaram com medo, mas o texto não diz que se
converteram. Nabucodonosor, impressionado com a interpretação do seu sonho
por Daniel, reconheceu o Senhor como “o Deus dos deuses, e o Senhor dos
reis” (Daniel 2:47) mas ainda fez a sua imagem de ouro e exigiu que
os homens a adorassem (Daniel 3) e se exaltou ao ponto de ser humilhado por
Deus (Daniel 4). É possível dar glória a Deus sem se converter a ele.
Conclusão
Antes de completar a série de sete trombetas,
Deus frisou vários fatos importantes nas cenas do intervalo. Além dos pontos
observados na lição 18 (capítulo 10), observamos mais estes fatos:
1. Deus identifica (mede) e protege o seu povo mas,
ao mesmo tempo, 2. Ele deixa os ímpios pisar, perseguir e até matar os
seus servos. 3. No final, os fiéis terão a vitória e os perversos
serão totalmente derrotados. Na próxima lição, ouviremos a sétima trombeta.
Se as primeiras seis já demonstraram o poder de Deus por meio de castigos
severos, podemos imaginar o que vem pela frente.
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http://www.estudosdabiblia.net/b09_19.htm ACESSO EM
29/11/2016
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